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sexta-feira, maio 17, 2024

Ibaneis Rocha concede entrevista exclusiva para a 61 Brasília

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                                       Ibaneis Rocha concede entrevista exclusiva para a 61 Brasília

Conversamos com o governador sobre os sete primeiros meses de sua gestão. Ibaneis não foi poupado de assuntos polêmicos e respondeu com prontidão questões de interesse dos moradores do Distrito Federal. Confira em primeira mão os bastidores de algumas decisões  e os planos para o seu mandato.

Edson Crisóstomo e Raquel Paternostro

Fotos: Renato Alves/Ag Brasília 

 

61- Qual foi a sua maior surpresa positiva, e a maior surpresa negativa ao ter acesso aos dados e números referentes à governança no GDF?

Ibaneis – Não sei se houve alguma surpresa positiva. Durante a transição enfrentamos muitos problemas com dados imprecisos, documentação pela metade, projeções mal feitas ou até irreais. Tanto que, quando assumi o governo, muito do que havíamos planejado nos meses após a eleição não pode ser realizado de imediato; tivemos que refazer os planos, readequar as datas e buscar ainda mais recursos. Esperávamos um rombo em torno de R$ 3 bilhões, embora o governo passado dissesse que as contas estavam em ordem; no final das contas o rombo financeiro chegou a mais de R$ 8,5 bilhões. Para se ter uma ideia, tivemos que pagar contas de mais de R$ 1 bilhão só na área de saúde, que corria o risco de um colapso.

61- Daqui há 20 anos, como o senhor espera que seu governo seja lembrado? Qual a marca na história do GDF que o senhor imagina registrar?

Ibaneis – Não tenho isso em mente. A minha preocupação é fazer o melhor possível, modernizar a administração pública do DF e prestar bons serviços públicos à população. Quero entregar uma saúde pública boa, eficaz e confiável, e investimentos para isso não têm faltado; quero avançar na área da educação, o que já está acontecendo, com reconhecimento da população, e espero modernizar o sistema de segurança. Os primeiros resultados, obtidos apenas com uma mudança de gestão, já são significativos, com a queda nos índices de todo tipo de delito. Muito mais virá nos próximos meses porque vamos usar a informática e a inteligência no combate ao crime.

61- Para melhorar a educação no GDF. Em sua opinião, é melhor que mais gente tenha acesso ao ensino público, ou que mais famílias consigam pagar mensalidades em escolas particulares?

Ibaneis – O Estado tem obrigação de oferecer uma educação de qualidade aos moradores do DF. Se algum pai decidir matricular o filho em escola particular será por escolha pessoal, mas o nosso objetivo é oferecer a melhor educação. Para isso, temos feito várias inovações, apostando em parcerias com outras secretarias – como segurança, cultura e esportes – e até embaixadas, no projeto de oferecer escolas bilíngues. Estamos investindo em tecnologia, nos professores, buscando a excelência no ensino.

61- A carga tributária de Brasília é uma das maiores do país. Existe algum planejamento para sua diminuição com vistas ao incentivo à abertura de empresas e desoneração para os empreendedores?

Ibaneis – Nós já começamos a reduzir impostos e incentivar novos empreendimentos. O ICMS e o ISS já deveriam ter sido reduzidos, mas a mensagem tinha que ter sido enviada pelo governo passado. Eu tenho dito que quem cria emprego e traz desenvolvimento é o empresariado e nós estamos criando um ambiente saudável para os negócios no Distrito Federal. Estamos investindo 70 milhões de dólares na infraestrutura dos polos de desenvolvimento econômico em Ceilândia, Santa Maria e Samambaia para receber mais empresas, incentivando na formalização de empresas, dando segurança jurídica para o empresário, abrindo oportunidades para quem quiser aproveitar as oportunidades. O objetivo é transformar o Distrito Federal numa área econômica pujante. Estamos organizando a cidade, por exemplo, com a readequação do Setor de Indústrias Gráficas, trabalhando na desburocratização, com a transferência da Junta Comercial para a alçada do DF, o projeto de concessão de alvarás em apenas sete dias, aprovação mais célere de projetos de construção – foram 364 só no primeiro semestre, um recorde – e a descentralização dos processos com a inauguração de 10 postos da CAP avançadas.

61- Como está a fiscalização e recuperação das estruturas dos viadutos de Brasília? A população pode se sentir segura para trafegar sem riscos de quedas?

Ibaneis – Brasília envelheceu muito rapidamente. Não houve manutenção dos equipamentos públicos e o resultado foi visto na negligência que provocou a queda do viaduto do Eixão sul. Nós estamos monitorando e realizando reparos permanentemente. A ação na rodoviária do Plano Piloto diz bem como estamos tratando o problema: o monitoramento mostrou que houve uma abertura atípica e acelerada nas estruturas e imediatamente o trânsito na plataforma superior da rodoviária foi suspenso e foram iniciadas obras para resolver o problema e dar segurança as mais de 700 mil pessoas que passam pelo local todos os dias. Da mesma forma, estamos fazendo a requalificação da W3 Sul em parceria com os empresários, um projeto que dormia nas gavetas dos governos há mais de 20, quase 30 anos. Por enquanto são duas quadras, mas os projetos para o restante da avenida estão sendo feitos.

61- Recentemente, houve um grande impasse com a classe artística referente ao cancelamento do edital de fomento à cultura, para utilização da verba na recuperação do teatro nacional. Em sua opinião, qual a importância dos equipamentos culturais para o fomento e difusão artística?

Ibaneis – Havia problemas com o edital original e tivemos que cancelar, mas o Fundo de Apoio a Cultura vai continuar e o próximo edital vai obedecer a todas as regras. Ao mesmo tempo temos que recuperar os equipamentos. O Teatro Nacional está abandonado há quase sete anos, no centro da capital da república, uma construção que reúne obras de alguns dos mais importantes artistas brasileiros, além de fazer parte da história da nossa capital. Estou buscando alternativas para que o teatro possa ser reformado e gerido por uma entidade. Também estamos recuperando o Museu de Arte de Brasília, espaço importante, além de buscar o resgate de teatros menores, recuperar a concha acústica; ou seja, recuperar os espaços para que os nossos artistas possam mostrar seu talento.

61- Tem sido muito comentado na imprensa, o seu alto padrão de consumo, como a compra da nova residência, do avião e até em compras na feira… O que o senhor tem a declarar sobre o assunto?

Ibaneis – Todo meu dinheiro foi ganho de forma honesta e com muito trabalho. Eu vim de uma família humilde, meu pai era professor, minha mãe trabalhou como auxiliar de enfermagem. A forma como eu gasto meu dinheiro só diz respeito a mim. E eu ainda faço questão de arcar com minhas despesas. Como prometi na campanha, não uso carro oficial pago pelo governo, não moro em casa oficial, pago minhas passagens e estadias, uso meu próprio avião.

Sobre Mobilidade:

61- Existe previsão de ampliação do Metro para Asa Norte?

Ibaneis – Existe. Precisamos saber como conseguir o dinheiro para expandir o metrô, mas antes temos que arrumar as linhas que temos. Os trens estão sucateados, ou pior, sendo “canibalizados”: um cedendo peças para o outro andar. Os trilhos precisam de revitalização, estamos terminando mais duas estações na Asa Sul e ainda estamos criando o modelo de alimentação para aumentar o volume de passageiros.

61- Como está a previsão da integração das ciclovias?

Ibaneis – Eu sou ciclista, gosto de pedalar, ando a cidade toda aos domingos, quando me sobra tempo. Mas as grandes distâncias impedem que as ciclovias do Distrito Federal sejam um modal de transportes de uma cidade para outra. Ninguém vai sair pedalando de Brazlândia para trabalhar no Plano Piloto, por exemplo. As ciclovias precisam ligar pequenas distâncias com eficiência, ainda mais agora para aproveitar as bicicletas compartilhadas. É um modal para pequenas distâncias. Mas vamos continuar expandindo a malha cicloviária do DF.

61- Sobre o estudo para cobrança de estacionamentos em quadras residenciais e alguns pontos da cidade. Em que fase está o estudo? Como o senhor acha que esta cobrança vai impactar no transito e na vida da população?

Ibaneis – Os estacionamentos pagos ainda estão em estudo, mas são inevitáveis. Toda grande cidade do mundo usa o sistema, a fim de organizar principalmente as áreas de maior fluxo de automóveis. Mas ainda não temos o modelo para o DF. Nossa esperança é que ajude a organizar principalmente as áreas centrais das cidades e, no caso particular do Plano Piloto, as entrequadras. Do jeito que está, todos ficam insatisfeitos.

61- O senhor não se arrepende de deixar sua vida confortável para se aventurar na política?

Ibaneis – De forma nenhuma. Eu estou muito feliz. Estou vendo as coisas tomando forma. No início foi tudo muito difícil, nos deparamos com problemas que não contávamos, muito mais graves do que podíamos imaginar. A questão da dengue é o exemplo mais claro: a falta de cuidados com a prevenção no ano passado levou o Distrito Federal a enfrentar a maior crise da doença de sua história, inclusive com muitas mortes. Agora as coisas estão entrando nos eixos. E eu gosto de resolver problemas. O ruim é ser cobrado para, em seis meses, resolver problemas que se acumularam por décadas, mas nem isso me desanima. Eu tenho certeza que, daqui em diante, vamos melhorar muito a qualidade de vida da nossa população.

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