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sábado, abril 20, 2024

Museu Nacional da República comemora aniversário

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Museu Nacional da República comemora aniversário

Data é marcada por aberturas de exposições e apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro

O Museu Nacional da República (MuN) completa 16 anos nesta quinta-feira (15/12). O espaço, que é gerido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), foi inaugurado em 2006, no mesmo dia do nascimento de Oscar Niemeyer, arquiteto do edifício que se destaca na Esplanada dos Ministérios por seu formato de semiesfera. Para comemorar a data, o Museu abre uma exposição especial baseada em seu acervo de 1411 obras de arte moderna e contemporânea e contará com uma apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS). No mesmo dia, outra exposição, com esculturas e pinturas de Antônio Poteiro, também será aberta no MuN.

A exposição intitulada “Aqui estou – corpo, paisagem e política no acervo do Museu Nacional da República”, que vai ocupar o mezanino, é composta por mais de 50 peças de 161 obras selecionadas em pesquisa realizada na reserva técnica do MuN. A escolha das obras orientou-se por curadoria de Sabrina Moura, viabilizada por meio de cooperação técnica da Secec com a Organização das Nações Unidas para a Ciência, a Educação e a Cultura (Unesco). A mostra tem como princípio curatorial o de montar uma narrativa da história da arte brasileira a partir de uma perspectiva decolonial.

“É uma ação institucional importante, porque vamos deixar as obras, que na maior parte do tempo ficam na reserva técnica, à mostra para o público, e vamos fazer isso a partir de um olhar fundamentado em pesquisa do acervo”, explica a diretora do MuN, Sara Seilert. Ela conta que a exposição toma seu título da obra homônima de 2013 do artista Ralph Gehre, um sul-mato-grossense radicado em Brasília desde 1962, e cuja trajetória também é parte da história da cidade. Sara também adianta que uma segunda mostra, fruto de outra curadoria realizada a partir do mesmo acordo de cooperação, vai ser inaugurada no segundo semestre de 2023.

A curadora Sabrina Moura, selecionada por meio de chamamento público, registra que a proposta de perspectiva decolonial vem “desconstruir os gestos de poder que estruturam as instituições de arte e suas coleções”. Doutora em História da Arte pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e mestre em Estética e História da Arte pela Universidade Paris VIII, Sabrina afirma que, na sua montagem, a exposição busca superar o caráter contingente do acervo, no sentido de que obras foram se acumulando ao sabor de doações e aquisições, sem o direcionamento de um projeto museológico, nesse momento em construção.

“A gente tem um acervo e pode pensar a história da arte brasileira fora de matrizes praticadas no eixo Rio-São Paulo”, diz em referência ao parâmetro decolonial da empreitada. Organizadora de várias exposições pelo Brasil, Sabrina terá fala, no dia da abertura, sobre seu trabalho no acervo do MuN. “Vou fazer uma anologia do museu com o cerrado, que já estava aqui com sua flora, fauna e presença humana e sobre como a coleção do MuN é capaz de produzir uma narrativa própria sobre a arte brasileira”, complementa.

“Estamos muito felizes com o resultado da pesquisa no acervo e da curadoria para exposição. É uma vitória poder investir em pesquisa e apresentar ao público o trabalho de excelência realizado, ao longo de muitos meses, pela Sabrina Moura. Esperamos que o MuN possa fortalecer sua função social e dar continuidade aos projetos de seu Programa de Pesquisa, por muitos anos”, afirma a responsável pelo Programa de Pesquisa do Museu Nacional da República, Maíra Rangel Marinho. A pesquisadora integra a carreira de Gestão de Políticas Públicas do GDF e tem mestrado em Sociologia da Cultura pela Universidade de Brasília (UnB).

A consultoria ainda rendeu um seminário remoto com funcionários do MuN e prevê a produção de um catálogo com artigos e obras nas exposições deste ano e do próximo. Na abertura, no dia 15, às 19h, na Galeria Principal do Museu, a OSTNCS se apresentará na formação de cordas e percussão e trará em seu repertório músicas de Claudio Santoro, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, Renato Russo e temas folclóricos, numa espécie de diálogo com a linha curatorial da mostra. “São peças que têm um significado para Brasília, seja pelo seu conteúdo temático musical, seja em decorrência do peso dos compositores na história da Capital”, endossa o regente Cláudio Cohen.

ANTÔNIO POTEIRO

No mesmo dia 15, na Galeria Térreo e Sala 2, o MuN também abre a exposição “As matérias vivas de Antônio Poteiro: barro, cor e poesia”, organizada pelo Instituto Antonio Poteiro e com curadoria de Divino Sobral. A mostra reúne obras do artista Antônio Batista de Souza Poteiro (1925-2010), nascido em Portugal e radicado no Brasil com passagens por São Paulo, Minas Gerais e Goiás.

A exposição reúne um total de 53 obras pertencentes ao acervo do Instituto Antônio Poteiro, sendo 39 pinturas e oito esculturas de autoria de Antônio Poteiro, três esculturas de seu pai, Américo Batista de Souza, e outras três de seu filho, Américo Batista de Souza Neto. “Ao agregar trabalhos de três gerações, [a mostra] oferece ao público a oportunidade de ver como a arte de Antônio Poteiro é herdeira, continuadora e transformadora da tradição ancestral presente em sua família, originada numa região, em Portugal, que há séculos é conhecida pela cerâmica”, escreve Sobral em seu texto curatorial.

O curador conta que, em 1955, o artista principal da exposição mudou-se para Goiás, passando a morar em Nerópolis, onde ganhou o apelido de Poteiro. Em 1967, fixou residência em Goiânia e, aos 42 anos de idade, passou a criar peças autorais e a assinar sua obra em cerâmica como Antônio Poteiro. A partir de 1972, passou a pintar.

“O fantástico produzido por Antônio Poteiro é uma mistura de barroco com Karajá”, sintetiza o curador. Ele explica que o artista conviveu com o povo Iny-Karajá, presente em Goiás, Tocantins, Pará e Mato Grosso, e sofreu influências das esculturas feitas pelos indígenas. A influência do barroco, por outro lado, vem da obra de Aleijadinho nas viagens pelo interior de Minas. Sobre as telas, Sobral diz que “o imaginário transitou da materialidade do barro para o universo vibrante da cor”.

SERVIÇO:

Exposições no Museu Nacional da República

“Aqui estou – corpo, paisagem e política no acervo do MuN”, curadoria de Sabrina Moura (Mezanino)

15 de dezembro a 2 de julho de 2023

“As Matérias Vivas de Antonio Poteiro: Barro, cor e poesia”, curadoria de Divino Sobral (Galeria Térreo e Sala 2)

15 de dezembro de 2022 a 12 de fevereiro de 2023

Abertura: 15 de dezembro às 19 horas

Setor Cultural Sul, próximo à Rodoviária do Plano Piloto

Horário de visitação: terça-feira a domingo, das 9h às 18h30

Entrada gratuita

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