Números frios não refletem os dramas da realidade na Saúde

Números frios não refletem os dramas da realidade na Saúde

O Distrito Federal supera todos os estados brasileiros quando o assunto é quantidade de médicos em relação ao total de habitantes. Somos, segundo o Conselho Regional de Medicina do DF, 18.258 profissionais com registros ativos para uma população de 3.167.502 pessoas, o que faz uma razão de 5,76 médicos para cada 1.000 habitantes. Sendo bem claro: tem médicos suficientes no Distrito Federal, no serviço público é que falta.

No serviço público de saúde são 2,79 médicos para cada 1.000 habitantes. E isso tirando da conta 29,4% da população que têm plano de saúde, que ainda assim usam o SUS quando não conseguem os atendimentos que precisam – e isso acontece sempre! Se considerarmos os médicos que atendem o SUS em relação ao total da população a razão cai para 2,16/1.000.

O estudo Demografia Médica no Brasil 2015 apontou que, em média, 21,6% dos médicos brasileiros trabalham exclusivamente em serviços públicos de saúde e 51,5% trabalham tanto no setor público quanto no privado. Ou seja, pela média, o SUS empregava 73,1% dos médicos do Brasil. Aqui no DF a tendência é inversa: só 37,4% são contratados pelo GDF para atender pelo SUS.

De 2013 para cá, a população do DF cresceu 19,59% e o número de médicos, 68,65%.O número de médicos com vínculo de trabalho estatutário com a Secretaria de Estado de Saúde do DF, os concursados, caiu de 5.546, para 4.943 médicos nesse período.

A demanda pelos serviços públicos aumentou (pelo próprio crescimento da população), as instalações das unidades de saúde se desgastaram, as condições de trabalho pioraram, faltam meios para dar um bom atendimento aos pacientes e exercer a profissão com dignidade e orgulho. Nem segurança jurídica o profissional tem. O ambiente de trabalho ficou mais inseguro e agressivo e os salários pagos pelo GDF desvalorizaram mais de 50%. Só aumentaram o volume de trabalho dos profissionais de saúde, a insatisfação e o sofrimento da população.

Em uma reunião no Sindicato dos Médicos do DF, na qual discutimos os problemas da pediatria, a secretária de Saúde informou que entre os aprovados no último concurso, só 30% assumem o cargo quando convocados. E desses, boa parte desiste quando encontra prédios degradados, equipamentos velhos (quando não faltam), falta de insumos e medicamentos para dar um atendimento adequado aos pacientes. De 30 que passam no concurso, 10 assumem, mas só quatro permanecem no serviço público.

Os médicos novos pedem demissão. Os mais antigos, se apressam para se aposentar. Enquanto isso, a rede privada de saúde cresce e oferece remuneração e condições de trabalho mais atrativas. Ou seja, para o GDF cumprir a obrigação constitucional de oferecer assistência à saúde do conjunto da sociedade, tem que mudar a estratégia para atrair profissionais. Os médicos querem, sim, trabalhar no serviço público de saúde. Mas para isso, o governo tem que oferecer condições de trabalho dignas e segurança física e jurídica, garantir o que é necessário para que se possa dar a assistência de que o paciente precisa e salários condizentes com a realidade

Por: Dr . Gutemberg Fialho

Redacao Jornalismo

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