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sexta-feira, maio 17, 2024

O sucesso ou fracasso do governo Bolsonaro está nas mãos do imponderável

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O sucesso ou fracasso do governo Bolsonaro está nas mãos do imponderável

Não conhecer a razão do próprio sucesso é a primeira condição para o fracasso. Após um ano na presidência da República, Jair Bolsonaro demonstrou, de forma cabal e inequívoca que ele atende perfeitamente a esta profética condição.

Bolsonaro galgou a mais elevada precedência nacional, após 28 anos de uma passagem inexpressiva pelo Congresso brasileiro. Para reeleger-se por sete mandatos consecutivos, precisava apenas repetir o mesmo mantra e as mesmas frases que caracterizaram sua modesta passagem pela Câmara dos Deputados. Nunca aprovou um projeto de lei, nunca relatou um tema relevante, nunca foi fonte expressiva sobre qualquer assunto de interesse nacional. Sempre visto por autoridades e jornalistas como uma piada conhecida, ou seja, aquela que já não faz rir.

Conservar tal posição medíocre não exigia grande esforço. Seu eleitorado, em sua maioria, formado por ex – militares de baixa patente, desiludidos com os sucessivos governos civis, empenhados em denegrir e rebaixar o papel das Forças Armadas, o seguiria fielmente. Precisava apenas manter o discurso que mantem um pequeno regimento de eleitores, de baixa formação política e equivalente condição intelectual.

Na esteira de seu sucesso junto ao eleitorado carioca, o mesmo que reelegeu Sérgio Cabral sucessivamente, repetiu a trajetória dos políticos tradicionais, cuja ambição é perpetuar sua herança política através da parentada. Assim, pouco a pouco, foi colocando a filharada em posições estratégicas na esperança de que um dia a sorte lhe sorrisse. E, por mais improvável que fosse essa expectativa, esse dia chegou.

Diante do vazio de poder ocasionado pela erosão das lideranças políticas nacionais, Bolsonaro se tornou a última esperança da cidadania. Uma pequena fração de saudosistas de 64, junto a uma maioria esmagadora de cidadãos predominantemente urbanos, classe média e superior, profissionais e empresários conduziram Bolsonaro ao Planalto. No entanto, os menos ingênuos sabiam que ele representava a última e única solução diante uma ameaça letal para o Brasil. Não se tratava de escolha. Bolsonaro representava entregar um paraquedas para quem nunca saltara antes de um avião em voo. No entanto, não se tratava de opção diante da queda iminente da aeronave.

Incapaz de compreender o fenômeno político-social que o levo ao poder, o Jair passou a acreditar que se tornara o Messias. Este estado de espírito, causado pelo arrebatamento do poder, que lhe caíra no colo inexplicavelmente (pelo menos para ele), não passou despercebido aos velhacos.

Atinando com a oportunidade que se configurava, como um carrapato percebe a aproximação do hospedeiro de sangue quente, alguns charlatões, desacreditados até por suas famílias, saltaram sobre a presa como chacais. O mais bem-sucedido foi um patético aventureiro, cujo perfil poderia ser comparado, grotescamente, ao russo Grigori Rasputin, causador da desgraça do czar Nicolau II e, por consequência, da própria Rússia. Membros do Palácio do Planalto, como a aristocracia russa de 1917, ficaram alarmados com a poderosa influência do insignificante Olavo de Carvalho sobre o Presidente e a ameaça que isto representava para o país.

Auto definido como astrólogo, vidente, quiromante e tantas outras imposturas, o tal Olavo Rasputin de Carvalho se aferrou na jugular do poder. Gente, como estes alpinistas sociais, sabe muito bem que pessoas de bom senso e boas intenções são a principal ameaça a sua nojenta existência. Destarte buscam caluniar, difamar e ridicularizar qualquer homem ou mulher que possa desmascarar seus torpes ardis. A bajulação é a arma principal destes vermes. Criar fantasias de grandeza e onipotência na cabeça de suas vítimas, ajuda a hipnotizá-la. Falsear a realidade, transformando o incauto em taumaturgo, favorece sua imagem de colaborador desinteressado. Teorias de conspiração e fomentar a discórdia são as estratégias do tal Rasputin do Cerrado para manter-se nas graças do poder.

Se Bolsonaro fosse capaz de enxergar a realidade como ela é, e não pela bola de cristal do charlatão, não precisaria de lambe-botas, puxa-sacos e bajuladores. Entender como e porque chegou aonde está, suficiente para livrar-se do sector de oportunistas e evitar um desastre futuro. Os sucessos do governo, sucessos estes independentes e alheios ao Presidente, tanto na área econômica quanto da segurança pública, não são suficientes para garantir a governabilidade da atual administração. Os eleitores que colocaram Bolsonaro aonde ele está, sabem que Paulo Guedes e Sérgio Moro são os pilares que garantem a credibilidade do país, interna e externamente.

Não saber escolher uma equipe coesa e consistente e deixar-se influenciar por opiniões externas é a segunda condição necessária e suficiente para o fracasso. É bom lembrar que impeachmentpassou a fazer parte do repertório e da sintaxe política. Com dois casos em menos de 30 anos, pode-se afirmar que impeachmentse tornou um instrumento consagrado, aceito pelos cânones da República.

Garantir a governabilidade é a terceira condição chave do poder. Collor e Dilma subestimaram a força do Congresso e a importância de uma base de sustentação sólida. Com duas eleições a cada quatro anos, no Brasil, a perda de apoio popular é a primeira sinalização de que o barco pode afundar. Até os mais fieis se afastam de governos periclitantes. Político tem aversão a naufrágio. Não conseguir manter aliados, que não seja pela intimidação e coação é a melhor maneira de se isolar e se tornar alvo fácil dos inimigos.

A salvação do governo Bolsonaro viria do sucesso econômico de sua gestão. Então analisemos quais são as reais chances para que isso aconteça. Em primeiro lugar, temos uma inflação sob controle e uma taxa de juros decrescente. O sucesso da Reforma Tributária viria consolidar os pilares de economia para reconquistar a credibilidade perdida. Isso é muito bom, mas não suficiente. Nossa combalida indústria ainda é muito frágil para voltar a investir e se atualizar tecnologicamente para enfrentar a concorrência externa. O principal comprador de nossos produtos industrializados, a Argentina, não dará sinais de recuperação nos próximos quatro anos. Nossa salvação seria, então, o incremento de nossas exportações para China, EUA, Europa e Índia.

Esta é a meta, no entanto, surge um fantasma, no horizonte, com potencial de comprometer nossa arremetida. Tal ameaça se chama Coronavirus. Especialista já consideram uma queda significativa na economia chinesa. Sendo o principal destino de nossos produtos agropecuários e minerais, a desaceleração da China frustraria nossa esperança de retomada do crescimento. Diante de um quadro de estagnação, as chances de crescimento do emprego também seriam comprometidas. O capital político de Bolsonaro poderia evaporar rapidamente, trazendo a esquerda oportunista de volta para o primeiro plano da disputa em 2022. Ciro Gomes já percebeu esta janela de oportunidade.

Por: Fausto Freire

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