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terça-feira, abril 16, 2024

Reabertura das escolas na Pandemia

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Reabertura das escolas na Pandemia

Em abril deste ano, o Governo do Distrito Federal chegou a desenhar o retorno às aulas presenciais em algumas escolas públicas. Felizmente isso não aconteceu.

Agora, em 02 de julho, dois dias após o governador decretar estado de calamidade pública, recebemos novo anúncio sobre a reabertura das escolas no dia 27 de julho.

Vamos lembrar que estamos em pleno pico de uma pandemia. Presenciamos no Brasil tentativas em vão de governadores achatarem a curva de contágio mas infelizmente, a falta de uma voz única de comando e incentivo para todo o Brasil, nos levou ao colapso do sistema de saúde em muitos municípios.

Vemos os Ministérios de Educação e Saúde perdidos, à deriva e ainda assim nosso governador acredita que já pode reabrir as escolas.

Vamos ponderar sobre esta decisão de reabrir as escolas?

1. Se já estamos ou quase chegando ao topo da curva de contágio (estamos sempre chegando “na semana que vem”), logo entraríamos com a curva em declínio, com a queda dos contágios.

2. Mesmo com o início das aulas on-line na rede pública, a desigualdade de oportunidades intensifica-se já que cerca de 25% dos alunos da rede, não tem condições de acesso às aulas.

3. As crianças em situação de vulnerabilidade tinham na merenda escolar sua principal refeição.

4. Os pais voltarão ao trabalho: com quem deixarão seus filhos?

O que dizer? São realmente pontos relevantes. Porém, os senhores governantes que me desculpem. Vamos jogar para cima das crianças a falta de gestão e incompetência do Estado? A resposta a todos os pontos anteriores é a total falta de políticas públicas necessárias e eficientes para o momento em que vivemos.

Estamos em uma situação em que realmente desconhecemos o comportamento de um vírus que atingiu todo o planeta. Acredito que o que realmente temos que ponderar nesse momento é uma única coisa: ESTAMOS REALMENTE DISPOSTOS A ARRISCAR A SAÚDE E A VIDA DE NOSSAS CRIANÇAS?

Mas, podemos optar por considerações mais práticas, concretas e que realmente serão concernentes a realidade da volta as aulas, que são:

  • Conseguiremos mapear TODAS as situações de risco num ambiente escolar? Não podemos exigir maturidade e responsabilidade nos atos das crianças para sua própria defesa.

  • Assim, confirmando o retorno, transferiremos a responsabilidade dos atos das crianças para 1 professora em sala de aula? Essas crianças tomarão decisões acertadas, ou serão corretas quando longe dos olhos supervisores dos professores, na cantina, no banheiro, nas quadras, nos corredores…?

  • Os professores, por sua vez, conseguirão ministrar seu conteúdo em um ambiente de tensão ou estarão focados nas diversas situações de risco?

  • Os pais terão condições de escolher e decidir sobre permitir ou não o retorno de seus filhos à escola, já que eles mesmos não tem a opção de ficar em casa e respeitar o distanciamento social, já que precisam enfrentar ônibus abarrotados? Será que todos os pais estão preparados para avaliar as situações de risco?

Outra coisa que já foi dita e redita: estamos em um guerra contra um inimigo invisível, sufocados de incertezas e desempenhando papel de cobaias entre tantas tentativas de erro e acerto.

E o que fazemos em uma situação de guerra?

Primeiro de tudo, PROTEGEMOS nossas crianças!

Sempre teremos pessoas na linha de frente; das várias frentes que vão se abrindo. Mas só devemos liberar nossas crianças quando tivermos condições de oferecer para elas um ambiente seguro.

Só que ao contrário disso, já estamos considerando colocá-las em risco, testando um ambiente que por mais que tenhamos a pretensão de organizar, será de aglomeração.

Sim, crianças e adolescente também morrem de Covid19 e acima de tudo são transmissoras. Talvez esta situação seja ainda mais cruel do que mandá-las para a escola. Jogar sobre elas o peso de contagiar as pessoas mais próximas e caras a elas: seus pais, avós e irmãos!!!

Outra coisa que viralizou nas redes sociais, é que sairíamos dessa pandemia seres humanos melhores, mais empáticos, mais conscientes de que nossas ações e decisões impactam outras pessoas. Se decidirmos mandar nossas crianças para as escolas, declaramos não ter aprendido NADA.

Abrir as escolas antes de uma vacina ou antes da certeza de termos controlarmos o contágio é uma atitude inconsequente e CRIMINOSA.

Se os governos querem oportunizar estudo para as crianças, por que não possibilitam as condições de acesso a eles promovendo a inclusão digital? Pelo contrário: estamos intensificando de forma cruel o abismo social, onde as crianças de alto poder aquisitivo acessam o ensino à distância, enquanto nossos governantes decidem colocar em risco a vida das crianças e famílias de baixa renda.

NÃO AO RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS!

Maria Eugênia Braga
Assessora de comunicação, designer, Disléxica e Coordenadora do Movimento Para Inclusão – MOVIN

2 COMENTÁRIOS

  1. Concordo contigo, Maria Eugênia. Se as aulas forem reiniciadas em um momento como esse, em que a curva ainda está em ascensão, seremos cúmplices de um genocídio. Muitos pais já se adiantaram e disseram que, independente da posição do governo, seus filhos não voltarão à escola enquanto a vida das crianças estiverem em risco. Um simples ano letivo não pode valer mais que uma vida toda…

    • Exatamente isso, Professor Audino!!!
      Espero que a opinião pública faça com que os governantes repensem o retorno as aulas!!! Obrigada, pelo apoio!!!

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