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quinta-feira, março 28, 2024

A guardiã do legado de JK

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A guardiã do legado de JK

Há 20 anos, a memória do fundador de Brasília está nas mãos de uma mulher sempre elegante, atenta a todos os detalhes e que conserva uma disposição para o trabalho e uma jovialidade admiráveis.

Anna Christina Kubitschek Barbará Alves Pereira preside, desde 2000, o Memorial JK, museu mais bem avaliado da capital, inaugurado em 12 de setembro de 1981 pela inesquecível Sarah Kubitschek e que resguarda nos mínimos detalhes a história de seu avô, o eterno presidente Juscelino Kubitschek. É lá que pode ser encontrada todos os dias, conversando com visitantes, comandando com atenção e carinho as operações do espaço e dedicando-se a eternizar JK na história do Brasil.

Embora tenha nascido no Rio de Janeiro, Anna Christina guarda poucos traços da capital carioca em sua alma. A vida dela é dedicada à Brasília e à preservação da memória de JK, por quem nutre admiração acima dos laços de parentesco e proximidade – por dez anos, teve a presença do ex-presidente em sua vida.

Mesmo tendo memórias muito claras dele como avô – aquele tradicional senhor simpático e afável, que cedia o lugar na cama para que a netinha dormisse de mãos dadas com a avó Sarah Kubitschek e que acordava todo mundo cedinho, na Fazendinha JK, para que aproveitassem melhor a exuberante natureza do seu amado cerrado –, ela tem a consciência exata da missão que está em suas mãos. Para isso, não hesita um só segundo em encarnar o papel de defensora do legado de progresso e liberdade que Juscelino deu ao País, nos cinco anos em que foi presidente da República.

Anna Christina Kubitschek é mãe dos dois únicos bisnetos de JK que moram na cidade que ele ergueu, os executivos Felipe Octavio Kubitschek e André Octavio Kubitschek, filhos também do empresário Paulo Octavio, com quem é casada há quase três décadas.

Por isso, acha fundamental que as novas gerações saibam quem era Juscelino, o que ele fez pelo Brasil e que, sobretudo, não esqueçam da perseguição política que foi imposta a ele desde antes de assumir a Presidência da República, em 31 de janeiro de 1956, mas especialmente após 31 de março de 1964.

Esse rigor vem também de seu apreço pela política. Mesmo nascida quando Juscelino já tinha sido cassado, Anna Christina Kubitschek respirou política a vida inteira. Seja nas refeições na Fazendinha JK, que sempre acabavam em uma bela prosa sobre o tema, seja na sua vida como executiva do Memorial JK, ela não abdica de ter voz ativa como personagem-chave de seu grupo político. Tal como o avô, é uma pessoa com inclinações de centro, mas com um forte viés social. E tem opiniões fortes, decididas. Muito religiosa, é guiada por suas convicções cristãs, com as quais sempre busca justiça para o povo mais pobre da cidade fundada pelo avô.

Por conta dessa sua visão de mundo, ampliada pelos anos que estudou nos Estados Unidos, para ela é uma alegria receber, no Memorial JK, a visita dos alunos de escolas públicas, de pessoas simples e de antigos operários da construção da capital. Por vezes, senta-se no café instalado naquele espaço e ouve muitas histórias. Também se dedica a contar várias delas aos visitantes, transformando-se, por vezes, em uma narradora da história de JK, mesmo tendo vivido apenas os anos mais sombrios da vida dele – aqueles em que tentaram riscar o nome do presidente da cidade, uma triste época em que ele foi até proibido de visitar a capital que construiu.

A dedicação à memória de JK é semelhante à que Anna Christina dá à família. Sempre esteve perto do marido Paulo Octavio nos momentos gloriosos, mas também naqueles em que a vida costuma deixar marcas. Nunca deixou os filhos Felipe e André sem atenção e cuidado, mesmo quando os dois estudavam nos Estados Unidos, desdobrando-se, como uma boa mulher moderna, em seus múltiplos papéis de executiva, esposa e mãe.

O mesmo carinho ela dá ao pai, Baldomero Barbará, ainda vivo – sua mãe, a inesquecível Márcia Kubitschek, faleceu em agosto de 2000. E mantém com as irmãs, Júlia Diana Kubitschek Barbará e Alejandra Patrícia Kubitschek Bujones, uma relação de proximidade, apesar de as duas não morarem em Brasília, assim como faz com a tia Maria Estela.

Cotada várias vezes para entrar na vida política – chegou a ser indicada pelo governador Ibaneis Rocha para ser sua vice –, Anna Christina Kubitschek vem adiando ao máximo uma candidatura. Ainda prefere contribuir politicamente com o Brasil preservando a história do presidente que mais desenvolveu o País no século passado, tirando-o de um crônico atraso, para lançá-lo em uma espiral de industrialização, crescimento econômico e modernidade, sintetizadas na construção de Brasília. E tem certeza que, se ele concorresse nas eleições de 1965, nunca realizadas, seria eleito e promoveria ainda mais progresso e liberdade no Brasil. Por isso, sua dedicação é combater as esdrúxulas teses que hoje em dia aparecem aqui e ali, nas quais JK vira um “socialista”, rótulo político que ela rejeita com veemência.

Para tanto, lembra as origens do PSD, partido em JK militou a vida toda. Um social-democrata, como ela, mas que acreditava que o foco nas liberdades e no progresso do País o fariam florescer como nação moderna e líder no planeta. E não se cansa de abdicar de horas importantes para iluminar as mentes.

Para isso, segue à risca o legado do evangelista Lucas, presente na Bíblia, livro que carrega dentro da alma. Anna Christina Kubitschek acredita que “ninguém, depois de acender uma candeia, a cobre com um vaso ou a põe debaixo duma cama; pelo contrário coloca-a sobre um velador, a fim de que os que entram, vejam a luz”. Para isso, está sempre disposta a acender as candeias históricas no Memorial JK, libertando o mundo destes tristes tempos de cegueira e ignorância, especialmente em relação aos legados do inesquecível JK.

 

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