Nascido em Nova Granada, São Paulo, em 4 de junho de 1949, Edson Gabriel Garcia se formou professor e trabalhou na educação por 30 anos. Morou em São José do Rio Preto e depois se mudou para São Paulo, onde vive até hoje. Além de ser professor, ele também foi coordenador e diretor de escolas.
Apaixonado por livros, Edson publicou diversas obras voltadas ao público infantil — muitas delas recheadas de mistério, enigmas e suspense, feito sob medida para os pequenos leitores.
Os contos que você vai ler a seguir são desse autor. Abra bem os olhos, afie sua curiosidade… e aproveite cada história!
TEXTOS DE SUSPENSE
(…)
Além de contista, Edson Gabriel Garcia também tem um trabalho muito interessante com peças de teatro infantil. O autor sempre teve a preocupação de que as escolas trouxessem para o currículo as artes cênicas, pois os alunos desenvolvem habilidades importantes para a comunicação, como dicção, entonação, ritmo e postura corporal, além de fortalecer as habilidades socioemocionais e a criatividade. Divirta-se com uma peça desse autor:
Chesters em fuga
Parte I
Genaro: um chester curioso e observador.
Clodoaldo: um chester um pouco desatento, mas bem-humorado.
Romildo: um chester inteligente e estrategista.
Bartolomeu: um chester medroso, porém leal aos amigos.
Eusébio: jovem chester com ar alegre e aventureiro.
Cenário: Um frigorífico, de uma cidade interiorana, com algumas árvores de Natal ao fundo, decoradas com luzes coloridas piscando.
CENA I
(Os chesters ciscam tranquilamente pelas baias. Genaro para de ciscar e olha ao redor, percebendo algo.)
Genaro (desconfiadamente, contando quantos amigos estavam presentes no local) — Galera, vocês notaram que o Eusébio não está mais por aqui?
Clodoaldo (desatento) — Eusébio? Quem é ele mesmo?
Romildo (suspirando com ar de superioridade) — Aquele que sempre cantava desafinado ao amanhecer.
Clodoaldo (ironicamente) — Ah, sim! O que achava que era um galo cantor!
Bartolomeu (de olhos arregalados, demonstrando preocupação) — Agora que você mencionou, Genaro, o Roque também sumiu semana passada!
Genaro (intrigado) — Sempre que essas luzinhas coloridas aparecem, alguém desaparece.
Clodoaldo (olhando as luzes fixamente) — Será que são OVNIs? Vamos ser abduzidos?
Romildo (pensativo e andando depressa de um lado para o outro) — Ou talvez… essas luzes tenham outro significado.
Bartolomeu (já bem assustado) — Tipo o quê?
Genaro — Eu ouvi os humanos falando sobre “Natal” e “ceia”.
Clodoaldo — Ceia? Isso é comida, né?
Romildo (alarmado, gesticulando muito) — E se… NÓS FORMOS A COMIDA?
Bartolomeu (entrando em pânico, gritando) — AI, MINHAS PENAS! VAMOS VIRAR ASSADO!
Genaro — Precisamos encontrar uma saída antes que virem a gente de cabeça para baixo!
Clodoaldo (olhando atentamente em direção a uma pequena porta) — Ei, o que é aquela portinhola ali?
Romildo (aproximando-se da portinhola) — Parece uma passagem secreta.
Bartolomeu (desconfiado) — E se for uma armadilha?
Genaro (determinado) — Pior do que virar prato principal não deve ser. Vamos!
(Os quatro entram pela passagem e encontram um esconderijo subterrâneo, onde outros chesters estão reunidos.)
CENA II
Cenário: esconderijo onde estão todos os chesters que fugiram.
Clodoaldo (surpreso) — Olha só! O Eusébio!
Eusébio (recebendo os amigos com um sorriso aliviado)— Bem-vindos ao Clube dos Fugitivos do Natal!
Romildo — Então, todos vocês escaparam da tal ceia?
Eusébio — Sim! Descobrimos que, quando as luzes aparecem, é hora de se esconder. Então, nós e muitos outros companheiros fugimos! Não vamos mais deixar esse absurdo acontecer!
Bartolomeu (respira de modo aliviado) — Ufa! Estamos salvos!
Genaro (rindo, mas ainda preocupado) — Quem diria que aquelas luzinhas bonitinhas eram sinal de perigo?
Clodoaldo (em tom de brincadeira) — Da próxima vez que eu vir uma luzinha, vou pensar duas vezes antes de achar que é uma festa!
Romildo (sorrindo) — O importante é que agora sabemos como nos proteger.
Eusébio — E, juntos, vamos passar muitos “Natais” em segurança!
PARTE II
CENA III
(Enquanto todas as galinhas riem e comemoram em tom baixo no esconderijo subterrâneo, as luzes de Natal ainda piscam ao fundo. Um som de campainha ecoa ao fundo. A cena escurece brevemente e logo entra um novo cenário)
CENA IV
Verônica (ofegante e já desesperada) — Gente, vocês não vão acreditar na informação que acabei de receber!!!
Felipe (calmo, mas interessado) — O que foi agora, Verônica?
Verônica (jogando os papéis sobre a mesa) — A cidade inteira ficou sem chester para o Natal! Todos os chestersfugiram do frigorífico “Galinheiro do Sul”!
Ana (assustada) — O quê? Todos? Isso é sério?
Carlos (desconfiado) — Não pode ser! Como todos os chesters fugiram de uma vez? Eles estavam bem dentro do frigorífico!
Verônica (lendo as informações) — Pois é! Todos os animais sumiram de uma hora para a outra. O frigorífico foi encontrado vazio, com as portas arrombadas. E mais… (olha os papéis) já está confirmado: esse desaparecimento de chesters acontece há alguns natais, mas este ano, sumiram todos. E o Natal está em risco!
Felipe (pensativo, mas já pegando sua caneta) — Esta é uma manchete e tanto: “Cidade sem Chester: a Fuga das Aves do Natal”. Coloquem isso na capa, urgente!
Carlos (com ironia) — E a cidade inteira vai ter que mudar seus planos para o Natal. Sem chester, o que vamos fazer? Comer peru?
Ana (ponderando) — Bem, com as aves fugindo, quem sabe elas não se uniram para algo mais importante que a ceia? Um plano de resistência? Quem diria que elas estavam tão organizadas?!
Felipe (sorrindo) — De qualquer forma, o “Galinheiro do Sul” vai ser o assunto do Natal este ano. Vamos mandar a notícia para a primeira página.
Verônica (com um sorriso travesso) — Ah, e não posso deixar de mencionar que já há rumores de que alguns chesters estão formando uma espécie de “Clube dos Fugitivos”. Olha isso, eles estão se escondendo em algum lugar por aí, preparando um novo plano para o Natal. Pode ser o fim do chester como conhecemos!
Carlos — Então, vai ser o Natal dos chesters, é? Vamos ver como a cidade vai lidar com a falta do prato principal. Aposto que esse será o evento mais comentado do ano!
Felipe (olha para a redação, empolgado com a manchete) — Preparem-se para a edição de hoje, pessoal! Nada de deixar passar batido. O Natal sem chester será nossa primeira página!
Fim.