Casa do Holandês: a charcuteria holandesa aos moldes brasilienses.
“Encher linguiça” com criatividade é para poucos. Raymond Graumans, proprietário de 4 unidades da Casa do Holandês, aprendeu desde cedo, a arte da charcutaria. A tradição familiar mostrou naturalmente o caminho. Virou rito de passagem. Todos da família têm (ou já tiveram) uma charcutaria na Holanda. Aqui em Brasília, fazer uma mesa de frios, uma feijoada, um churrasco ou até um Eisbein Joelho Defumado ficou muito mais prático com os produtos originais da família Graumans.
Por CAROLINA CASCÃO
Se “encher linguiça” significa preencher vazios, então as lacunas da vida (e do estômago) estão com os dias contados. Com mais de 100 produtos da charcutaria, a variedade da Casa do Holandês, em Brasília, impressiona e vai além dos 15 tipos de linguiças -, inclusive numa linha sem conservantes e totalmente natural. Impressiona por causa da criatividade dos produtos -, que alia sabores diferentes, como uma cerveja IPA artesanal, bacon e queijo, numa só linguiça. E facilita, pois as carnes já estão especialmente temperadas e preparadas, exceto as bovinas (nem todos os cortes) -, basta uma frigideira ou forno ou churrasqueira. E, o melhor de tudo, transmite segurança: as carnes estão cuidadosamente embaladas e recebem o selo de garantia de qualidade da Secretaria de Agricultura do DF. Outro ponto positivo: preços acessíveis, muitos, inclusive, com preço de mercados, mas com uma diferença: “a charcutaria” de personalidade de cada tipo de carne.
O estabelecimento tem a cara do dono. O holandês Raymond Graumans, 46 anos, desde 2009, no Brasil, para a nossa sorte, conseguiu dar o “toque de midas” ao produzir uma charcutaria de personalidade. Alguns podem encarar como responsabilidade demais para uma pessoa só, mas acredito que seja um prestígio, um rito de passagem, continuar uma empresa familiar que começou em 1918, com o bisavô Charles Oostvogels, lá na Holanda. Raymond manteve os valores familiares e, de 2014 para cá, quatro lojas no Brasil e duas lá na Holanda, propriedade dos dois irmãos gêmeos, administrada por eles mesmos. E tudo o que começou, há mais de 100 anos, está vivo, moderno e próspero -, tem as vestes da modernidade, mas continua com o mesmo aroma dos países baixos.
Na Casa do Holandês, cada produto é único. Ame ou ame (acho difícil não gostar). E leve o simpático “papelinho”, um presente da Casa, sobre o modo de preparo.
O grande diferencial da charcutaria, segundo Raymond Graumans, é a liberdade que o método permite de criar sabores diferentes por meio de temperos, queijos e até cervejas. “Foi nos pedido uma linguiça com pimenta mais forte, daí surgiu a linguiça de pernil com pimenta habanera (muito forte). É preciso ousar e errar também, mas as tentativas sempre serão agradáveis”, disse Raymond.
Dentre os produtos, aves e cortes de cordeiro também são vendidos com muita criatividade. A exemplo, a linguiça de frango com queijo coalho e tomate seco. Destaco que as linguiças são produzidas sem conservantes, 3x por semana, e duram aproximadamente 10 dias. Todos os produtos podem ser congelados.
O presunto também é diferenciado, pois é cortado a partir de uma peça de pernil mesmo -, ou seja, é 100% carne de porco, de defumação lenta e natural e, o melhor de tudo, com baixo teor de sódio. Na mesma linha está o bacon, totalmente sem conservantes.
Não ia contar, mas já que parecia a descoberta do século, o fato será relatado. Aquela linguiça picante e maravilhosa, servida no Beirute, pelo simpático Chiquinho, é da Casa do Holandês. Como um segredo puxa outro, a linguiça de cerveja IPA foi criada especialmente para Henrique Fogaça utilizar numa das receitas do Cão Véio. O salsichão suíno tipo holandês tem sido fornecido a vários foodstrucks da cidade com os seus cachorros-quentes “gourmets”.
Mais um pouco de história dos Graumans
A história dos Graumans começou em 1918, com Charles Oostvogels. O filho dele, Franciscus Oostevogels, em 1947, assumiu a direção do açougue. Karel Oostevogels, o tio, administrou a empresa de 1969 a 1988, quando Toine e Marga Graumans, pais de Raymond, resolveram dar uma nova dimensão ao negócio, ao modernizar e introduzir novos produtos para atender aos consumidores da pequena cidade de Zundert, na Holanda, lugar aonde o famoso pintor Van Gogh nasceu.
Em janeiro de 2001, Raymond e seus irmãos Roger e Michel Graumans, já acostumados a conviver com carnes, defumadores, facas e maquinários, após anos trabalhando com os pais, desde a limpeza da loja até a preparação dos cortes e produtos, adquiriram a empresa, abrindo, logo a seguir, mais uma loja na cidade de Breda, localizada a 20 minutos de Zundert.
Após várias viagens pelo mundo, Raymond veio conhecer o Brasil, e acabou “estacionando” em Brasília, ao conhecer Wanessa, hoje, esposa. Não imediatamente, o casal ainda morou oito anos na Holanda, antes de realmente começarem os planos da charcutaria.
Charcutaria não é só “encher linguiça”
Existe muito mais no mundo da charcutaria que “encher linguiça”. Charcutaria é arte pura, pensamos que a técnica seja apenas e, exclusivamente, a produção de linguiças. Mas esse método de produção de alimentos, um dos mais antigos da humanidade, que surgiu para fins de preservação, utiliza a salga, a cura, a fermentação, a desidratação, a defumação, ou seja, várias técnicas, em qualquer tipo de carne. Isso mesmo, qualquer tipo de carne, sejam aves, peixes, bovinos.
O estopim da guerra de sabores
A fábrica nasceu em 2010, quando Raymond, há pouco, em 2009, desembarcara no Brasil. Os produtos de charcutaria locais não o atraíram -, então recebeu um estímulo a mais para continuar os negócios da empresa familiar no novo País. Aliás, 2009 foi o mesmo ano, que a empresa da família intitulada Graumans começou suas atividades. “A partir daí comecei a levar os produtos para abastecer supermercados, bares, restaurantes, e hotéis”, disse.
Dicas de um holandês para um bom churrasco brasiliense
“Percebi que o brasiliense adora fazer um churrasco. É bem forte na cultura local”, disse Raymond. E ele tem toda a razão, adoramos um churrasco. Aproxima, confraterniza e perpetua amizades. O que seria de nós sem essas reuniões gastronômicas do final de semana. Abaixo, o holandês mais brasiliense sugere algumas carnes para o churrasco.
– LINGUIÇA SUÍNA CHIMICHURRI (um toque argentino);
– COSTELA SUÍNA BARBECUE;
– CORTE ESPECIAL BOVINO ANGUS;
-PICANHA SUÍNA TEMPERADA;
– COXINHA DE ASA DE FRANGO.
Qualquer produto pode ser encomendado até 48 horas antes, caso queira sem tempero nenhum. Todos os produtos DEFUMADOS da Casa do Holandês já foram curtidos em salmoura, portanto, não há necessidade de se colocar sal -, somente temperos neutros, se desejar.
Receita de EISBEIN JOELHO DEFUMADO (o preferido do brasiliense)
Cozido: coloque o joelho numa panela de pressão, coberto em água, por 50 minutos. Depois, basta assar no forno por 30 minutos até tostar.
Assado: envolver o joelho em papel alumínio e assar por 1 ½ hora em forno a 180º . Retirar o papel e deixar mais 20 minutos, até tostar.
Dica da Carol: comer a linguiça de pimenta caiena com mel selvagem e de qualidade. Para acompanhar, uma salada verde e torradinhas de pão de forma sem casca com leve toque de sal defumado.
Serviço:
Casa do Holandês
https://www.casadoholandes.com.br/
Asa Norte CLN 305 bloco B loja 4 e 64
(61) 3033-4708
funcionamento: de segunda a sábado
SIA trecho 10 loja18
(entrada do Ceasa, de frente para a Super Adega)
(61) 3711-0038
funcionamento: de segunda a segunda-feira
Feira da Pedra Ceasa
funcionamento: sábado de 7 às 13 horas
Feira do Guará loja 403
(61) 3710-0039
funcionamento: de quinta a domingo