O festival exibirá mais de 120 de títulos do cinema brasileiro entre os dias 14 e 23 de setembro
Por Adriana de Araújo
O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro divulgou, hoje (08), os filmes selecionados para a 51ª edição do evento que acontece entre os dias 14 e 23 de setembro, no Distrito Federal. Serão exibidos mais de 120 filmes nacionais. Para a mostra competitiva foram escolhidos nove longas-metragens e 12 curtas.
Segundo o secretário de Cultura do DF, Guilherme Reis, os filmes selecionados mostram a diversidade do cinema brasileiro e dialogam com as questões atuais da sociedade. “O Brasil vive um momento de políticas afirmativas e isso será refletido na tela. As mulheres, por exemplo, estão de parabéns por garantir seu espaço de trabalho”.
Dos nove longas-metragens que serão apresentados na mostra competitiva do festival, seis são dirigidos por mulheres.
A situação das mulheres na sociedade brasileira também é tema de algumas obras exibidas no festival como “Torre Das Donzelas”, de Susanna Lira (RJ), Boca de lobo de Bárbara Cabeça (CE) e “Mesmo com Tanta Agonia”, de Alice Andrade Drummond (SP).
Para Eduardo Valente, diretor artístico do festival, o evento tem papel importante de pensar o cinema no Brasil e está ligado a vocação de Brasília para o debate. “Escolhemos filmes que repercutirão nas discussões do telespectador. Vão ultrapassar a sala do cinema e gerar reflexão”, disse.
Segundo ele, a produção crescente e bastante diversificada do cinema nacional se deve, entre outros fatores, à capacidade da produção digital que baixou os custos. Ele citou como exemplo o documentário Bloqueio de Quetim Delaroche e Victória Álvares. A obra trata da greve dos caminhoneiros, em maio deste ano, e foi produzida em menos de quatro meses sem nenhum financiamento público.
Neste ano, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chega a 13 Regiões Administrativas do Distrito Federal. Além de ocupar o cinema que tornou o festival conhecido em todo o Brasil – o Cine Brasília – a programação conta com apresentações simultâneas das mostras competitivas em São Sebastião, Riacho Fundo, Sobradinho e Taguatinga. As atividades formativas ganham as cidades de Planaltina, Guará, Recanto das Emas, Ceilândia e São Sebastião, além do Plano Piloto; e o festival conta novamente com a parceria do Cinema Voador, com programação paralela apresentada nas cidades do Paranoá, Estrutural, Brazlândia, Samambaia e Gama.
Além da programação competitiva, haverá também mostras paralelas, especiais, hours concours, Mostra Brasília e exibições em outras atividades. Um dos filmes que será apresentado na Mostra Brasília é o longa “O outro lado da memória”, de André Luíz Oliveira. O documentário aborda, entre outros temas, a origem e identidade do povo brasileiro e a dificuldade de ser negro no Brasil. “A gente é maioria no país e precisa se ver no cinema”, ressaltou a diretora-assistente da produção, Melina Bomfim. Segundo ela, a participação no festival é muito importante para carreira de um cineasta.
Filmes da mostra competitiva
Em 2018, o festival recebeu 724 inscrições de filmes interessados em pleitear o Troféu Candango, dos quais foram selecionados nove títulos de longa-metragem e 12 curtas-metragens para as Mostras Competitivas – Curtas e Longas. Entre os longas, estão os documentários “Torre Das Donzelas”, de Susanna Lira (RJ), “Bixa Travesty”, de Claudia Priscilla e Kiko Goifman (SP); e “Bloqueio”, de Quentin Delaroche e Victória Álvares (PE); e as ficções “Ilha”, de Ary Rosa e Glenda Nicácio (BA); “Los Silencios”, de Beatriz Seigner (SP/Colômbia/França); “Luna”, de Cris Azzi (MG); “New Life S.a.”, de André Carvalheira (DF) — que também concorre na Mostra Brasília; “A Sombra do Pai”, de Gabriela Amaral Almeida (SP); e “Temporada”, de André Novais Oliveira (MG).
Os curtas-metragens participantes da mostra competitiva se dividem entre oito ficções, três documentários e uma animação. Os documentários são “Liberdade”, de Pedro Nishi e Vinicius Silva (SP); “Sempre Verei Cores no seu Cinza”, de Anabela Roque (RJ); e “Conte Isso Àqueles que Dizem que Fomos Derrotados”, de Aiano Bemfica, Camila Bastos, Cristiano Araújo e Pedro Maia de Brito (PE). As ficções selecionadas são “Aulas que matei”, de Amanda Devulsky e Pedro B. Garcia (DF); “Boca de Loba”, de Bárbara Cabeça (CE); BR3, de Bruno Ribeiro (RJ); “Eu, Minha Mãe e Wallace”, dos Irmãos Carvalho (RJ); “Kairo”, de Fabio Rodrigo (SP); “Mesmo com Tanta Agonia”, de Alice Andrade Drummond (SP); “Plano Controle”, de Juliana Antunes (MG); e “Reforma”, de Fábio Leal (PE). Única animação da Competitiva, “Guaxuma”, de Nara Normande (PE), também concorre ao Candango.
Homenagem
Durante anúncio à imprensa o diretor artístico do festival, Eduardo Valente, informou que a medalha Paulo Emílio Salles Gomes, criada em 2016 para homenagear os grandes nomes do cinema brasileiro, será concedida ao crítico e professor de cinema Ismail Xavier e ao arquivista Walter Mello, um dos idealizadores do Festival de Brasília.
Outra novidade desta edição é a criação do prêmio Leila Diniz com o objetivo de celebrar figuras femininas que marcaram o cinema brasileiro. Neste ano, o prêmio será concedido a Íttala Nandi e Cristina Amaral.
Após importante trajetória no teatro, Íttala estreou como atriz no cinema com “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla, filme que ganhou o prêmio principal do Festival de Brasília há exatos 50 anos. Cristina Amaral aparece como premiada pela sua importância como montadora de cinema, carreira na qual atua há mais de 40 anos.