É incrível como preocupações podem moldar nosso comportamento e roubar nossa paz. Quando uma preocupação se instala, ela parece se infiltrar em cada pensamento e ação, controlando nossas decisões e nos transformando em reféns de nossos próprios medos. Essa ideia de que o que nos preocupa nos escraviza é profundamente verdadeira, e é uma reflexão que filósofos, psicólogos e até textos sagrados nos alertam há séculos. A preocupação pode, literalmente, ser uma prisão mental que construímos para nós mesmos.
Em Filipenses 4:6, a Bíblia aconselha: “Não andeis ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplica, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus.” Aqui, o apóstolo Paulo aponta para uma forma de libertação: a confiança no processo divino, em vez de se prender ao medo do que não se pode controlar. É uma sabedoria profunda, porque ao libertar a mente das angústias, libertamos também nosso espírito e nossa capacidade de agir com clareza.
Do ponto de vista filosófico, o pensador grego Epicteto, que era um dos principais filósofos estoicos, dizia que “o que perturba os homens não são as coisas, mas os julgamentos que fazem delas.” Para ele, a escravidão da mente nasce dos próprios pensamentos, especialmente quando permitimos que esses pensamentos se tornem preocupações constantes e desgastantes. Não é o acontecimento em si que gera essa angústia, mas sim a interpretação que escolhemos dar a ele. Isso nos coloca no papel de responsáveis pelas cadeias que nos prendem.
Viver debaixo do peso das preocupações também traz impactos físicos. A psicologia moderna fala sobre o estresse crônico e o impacto que ele gera no corpo. Quando o cérebro está constantemente em alerta, o sistema nervoso entende que precisa manter o corpo em estado de “luta ou fuga”, liberando hormônios como o cortisol. Esse processo causa não apenas desgaste mental, mas também doenças físicas, provando que o poder da mente sobre o corpo é profundo. Assim, nos libertar das preocupações é um ato de autocuidado.
Mas como fazer isso? Uma das práticas mais eficazes é a mudança da mentalidade para uma visão de gratidão e aceitação, substituindo o medo da incerteza por confiança e serenidade. Viktor Frankl, psiquiatra e sobrevivente do Holocausto, ensinou que “entre o estímulo e a resposta há um espaço. Nesse espaço está o nosso poder de escolher a nossa resposta. Na nossa resposta reside o nosso crescimento e a nossa liberdade.” Aqui, Frankl toca na essência da liberdade mental: a capacidade de reagir com serenidade ao que nos preocupa, entendendo que a escolha está sempre em nossas mãos.
Práticas como a meditação e o mindfulness também têm se mostrado poderosas para aliviar a mente das preocupações. Ao trazer a atenção ao momento presente, deixamos de lado a preocupação com o futuro. Afinal, muitas de nossas ansiedades se relacionam com eventos que talvez nunca aconteçam. Quando vivemos o presente, libertamos a mente dessas ilusões de controle e nos permitimos viver com mais leveza e consciência.
Ao final, a liberdade de uma mente sem preocupações está na capacidade de aceitar a incerteza da vida. A verdadeira sabedoria está em reconhecer que nem tudo está sob nosso controle, e que essa liberdade de se desapegar das angústias é, na verdade, a chave para uma vida plena. Quando compreendemos que as preocupações são construções da nossa própria mente, abrimos espaço para a paz interior.
Então, ao invés de ser escravo das suas preocupações, tente ver o que realmente importa no agora, no que está ao seu alcance. Afinal, o que nos escraviza só existe se permitirmos. Ao desconstruir essas prisões internas, encontramos a verdadeira liberdade.